E aí, Gamers?! Tudo bem? Hoje a gente vai entrevistar um dos jornalistas mais famosos do mundo dos games!!! Leo Bianchi! Ele trabalhou na Rede Globo durante 10 anos, principalmente como apresentador do Globo Esporte, e, desde 2019, está se dedicando a cobertura de esports!

Essa entrevista faz parte de uma série de entrevista que estamos fazendo com a temática de Profissões Gamers.

Quem é Leo Bianchi

Leo Bianchi é um jornalista que trabalhou durante 10 anos na rede Globo fazendo coberturas esportivas. Ele apresentava o programa Globo Esporte e tentava trazer coberturas de esports no canal. Hoje, fora da Rede Globo, ele continua cobrindo esports, seja em eventos oficiais dos games ou em seu Instagram, YouTube e Twittter.

Você pode ler a transcrição da entrevista a seguir ou ouví-la tocando esse vídeo no YouTube:

Entrevista Game Bros com Leo Bianchi

Game Bros: Bem-vindo, Leo! Como nós da Game Bros, você está focado em Jornalismo voltado ao mundo dos games. Conte um pouquinho pra gente sobre quando começou essa sua paixão pelos games! Qual videogame foi o seu primeiro e jogos que mais te marcaram!

Leo Bianchi: Meu primeiro videogame foi o CCE que emulava o Nintendo e o primeiro jogo que eu joguei muito foi o Mario. O primeiro Super Mario Bros.

 

Game Bros: Sobre ser um jornalista gamer, como surgiu essa ideia? Quando foi que você resolveu se dedicar ao mundo dos esports?

Leo Bianchi: Na verdade eu trabalhava já no esporte da globo, em São Paulo e o Tiago Leifert que era o apresentador e Editor-C  hefe do jornal me enviou para cobrir duas edições da E3 nos EUA e lá tinha os lançamentos de futebol e também eu cobri o primeiro torneio de esportes eletrônicos que era o FIFA 12, ou o FIFA 11, enfim... Eu fiz essa cobertura e achei muito legal e a gente continuou fazendo durante 2011, 2012, 2013... Até que o diretor de jornalismo Ali Kamel disse que game não era esporte e mandou a gente parar de fazer. E isso permaneceu assim até 2016, um bom tempo até que o SportTV voltou a dar espaço com o Alessandro Jodar e aí já estava muito grande e não dava mais pra ignorar. Aí eu voltei a fazer. Na verdade eu só não fiz antes porque não era profissional o cenário. Eu não sabia que dava pra viver disso, não imagina que iria crescer o tanto que cresceu. E os veículos dariam espaço e seria uma profissão para os criadores de conteúdo, para a imprensa, para quem trabalha com isso do outro lado.

 

Game Bros: E foi fácil a transição da televisão para os esports? Valeu a pena? Melhorou sua qualidade de vida? E financeiramente?

Leo Bianchi: De maneira geral foi fácil porque eu já fazia isso na televisão. E eu já tinha um canal no YouTube, e eu já estava inserido nessa parte digital. Eu nunca fiquei na TV como um dinossauro, daqueles caras que só fazem televisão. Então eu já estava olhando pra fora, eu já sabia que isso iria acontecer em algum momento. Eu já me preparei pra isso. Então quando eu sai da tv foi muito natural essa entrada. Eu já tava no Youtube, nas redes sociais, eu já tava produzindo conteúdo e valeu muito a pena porque hoje eu trabalho com o que eu gosto. Nem parece trabalho, as vezes eu trabalho muito mais... Mas em época que não tem campeonato eu trabalho menos, eu posso conversar com um monte de gente e é divertido porque eu jogo. Então, valeu muito a pena e financeiramente também. Eu ganho até mais do que eu ganhava na TV hoje.

Leo Bianchi em ação! Matéria sobre torneio gamer.

Game Bros: Como você vê o futuro do jornalismo de games no Brasil? Ainda temos pouca cobertura em relação a outros países, mas nosso público gamer é enorme! Você acha que o apoio de grandes empresas vai aumentar?

Leo Bianchi: Eu acho que vai aumentar, mas eu não seria tão otimista assim imaginando que seria tão grande do tamanho de outros países ou equivalente ao que a gente tem em coberturas esportivas como o futebol. Acho que os veículos ainda precisam entender um pouco mais... E não só os veículos... O mercado publicitário precisa entender o tamanho que é esse negócio no Brasil para investir mais e aí, consequentemente os veículos de comunicação começarem a dar mais espaço. Enquanto isso não acontecer, enquanto o mercado não investir o suficiente, acho difícil os veículos crescerem junto. E ainda existe um preconceito dentro das redações tradicionais com a editoria porque ainda se tem uma visão de que é nerd, violento ou isso e aquilo, mas acho que com o tempo isso vai mudar.

 


Game Bros: Você cobre mais esports do que outros tipos de jogos... Isso teria a ver com sua paixão por esportes, também?

Leo Bianchi: Também. Eu por exemplo não sou tão ligado a jogos de história, assim. O Homem-Aranha eu não joguei nenhum. Nunca joguei Homem-Aranha. Eu gosto de jogo multiplayer que tem competição. Por gostar de esporte, o esporte eletrônico naturalmente é algo que me atraí mais. Eu gosto de jogar Valorant, gosto de cobrir Valorant. Gosto de jogar Rainbow Six, gosto de jogar CS, gosto de jogar FIFA. Gosto de coisas que tem disputa, em que você consegue ver que tem um melhor ali. Que um é melhor do que o outro. Que um compete contra o outro.

 

Game Bros: O que acha do cenário de esports no Brasil atualmente? Quais são os maiores games? Quais games você cobre?

Leo Bianchi: Eu cubro todos. Eu tenho uma coluna no UOL que eu falo de todos os jogos. Mais especificamente, com mais profundidade, eu cubro Rainbow Six Siege que eu trabalho como apresentador e editor lá na Ubisoft. Mas eu gosto de ver bastante CS, eu gosto de ver Valorant... Tá começando agora First Strike que acho que vai ser um campeonato gigante. LOL eu assisto um pouco, mas eu leio bastante. Me informo bastante porque eu sei que o maior cenário do país hoje é o LOL junto com o Free Fire que eu gosto também. Eu brinco de Free Fire de vez em quando. Não sou muito bom no  jogo, mas eu brinco, eu aprendo, sempre estou por dentro do jogo. Eu acho que os três maiores hoje são League of Legends, ao lado do Free Fire. O Free Fire tem mais número, mas acho que o LOL tem mais bagagem. Depois o Rainbow Six que tem uma estrutura boa aqui no brasil, premiação e tudo mais. Tem outros emergindo, tenho certeza que o Valorant vai ser tão grande quanto esses. CoD: Warzone a gente precisa ver até onde vai, mas tem muito público. E é isso, além de FIFA, CS então nem se fala. É que o CS depende muito do rendimento do MIBR e da FURIA fora do país. É um cenário gigante, mas totalmente dependente desses times.

 

Game Bros: E sobre os melhores jogos do ano. Qual você acha que vai ser o jogo do ano de 2020? Tanto geral no The Game Awards, como de esports no Esports Awards.

Leo Bianchi: Sobre o The Game Awards é aquilo né. Acho que teve The Last of Us esse ano que, imagino eu, vai ser o jogo do ano, embora eu não acompanhe tanto o mercado de games, eu sou mais ligado aos esports. E aí em esports esse ano, eu precisaria ver muito o que eles vão levar em consideração. Eu ficaria entre Valorant, mas o Valorant embora tenha sido um baita lançamento, um grande jogo, ele ainda não teve tantos campeonatos ainda, mas poderia ser o Valorant. E, inegavelmente, o que o LOL fez esse ano acho que foi muito legal aqui no Brasil e fora com o Worlds então acho que vai acabar dando um ou outro. Pelo menos seriam os jogos que eu votaria.

 

Game Bros: Quais são seus ídolos gamers? Quem te inspirou e inspira até hoje?

Leo Bianchi: Curiosa essa pergunta. Nunca parei pra pensar nisso. Mas... Acho que nunca tive um ídolo individual gamer porque, não sei, eu conduzia canal no YouTube mas eu nunca fui YouTuber e nunca me inspirei num YouTuber porque eu estava do outro lado, eu tava trabalhando em televisão então eu tenho muita inspiração dentro do jornalismo, dentro de televisão, mas na internet, como era algo secundário como eu tava no início do meu canal e tudo que eu fazia na internet, eu não me inspirava em ninguém. Eu fazia as coisas da minha cabeça assim. Então eu não tenho alguém. Óbvio que eu respeito muito e gosto do trabalho por exemplo do ziGueira, um cara que eu assisti muito, o Ziggy, pela habilidade, pela comunicação, pelo bom humor dele. Assisti bastante Tecnosh, o próprio Nino, embora na época ele não tivesse canal, nem nada, mas eu acompanhava ele nos campeonatos. O Nesk, sei lá os caras que eu vi mais de perto. Hoje eu admiro muita gente. Tem o Gaules, o Nobru, tem muita gente legal, que está levantando a bandeira, que são além de ótimos jogadores são comunicadores esplendorosos, que eu me inspiro.

Leo produzindo conteúdo.

Game Bros: O Start do UOL é uma das maiores páginas sobre games do país. O que você acha do UOL ter aberto um espaço tão grande para os games?

Leo Bianchi: O Start UOL é grande e o curioso é o seguinte: o UOL não abriu essa página. Essa página já existia desde muito antes. É uma das pioneiras no Brasil. O START UOL é a remodelação, a nova versão, do UOL Jogos que muita gente outrora entrava para jogar, tinha servidor dentro do UOL. O UOL tinha os chats, onde você podia encontrar os lobbys, encontrar pessoas para jogar junto. O UOL jogos foi por muito tempo, não só a pioneira, mas única em termos de games no país. E eles só remodelaram as cores, a temática, o nome da página, mas o START nada mais é do que o UOL jogos. É um dos maiores por conta disso, por ser muito antigo.

 

Game Bros: Você faz algumas lives na Twitch e está sempre presente nas redes sociais como Instagram e Twitter, além do seu canal no YouTube. Você acha que isso é essencial hoje para alguém que queira trabalhar com jornalismo de games?

Leo Bianchi: Eu acho que sim. O YouTube é um cartão de visita. Acho que o YouTube hoje a menos que você seja o Flow Podcast, o próprio ziGueira, BRKsEDU, Davy Jones, dificilmente você vai viver de YouTube. Mas o YouTube te dá uma vitrine. Te projeta. Te dá possibilidade. Se você ainda não está num veículo é onde você vai conseguir ter mais relevância. E eu acho fundamental também pra você divulgar o teu trabalho. As vezes o cara não tem a frequência de acessar o START UOL, de acessar a Globo, de acessar... Mas o YouTube, o Instagram ele vai checar. E aí se você divulgar o seu trabalho dentro das redes sociais é fundamental para que as pessoas cheguem ao teu texto, ao teu vídeo ou ao teu conteúdo. Então é fundamental hoje nesse mundo que é totalmente conectado estar presente nas redes sociais.


Game Bros: Essa é uma pergunta que a maioria dos viciados em tecnologia adora e não podemos deixar de fazer. Qual seu setup? Além do PC você possui algum console?

Leo Bianchi: Eu tenho um Playstation 4 hoje que eu rarissimamente ligo, quanto ao PS5, eu não estou pensando em comprar PlayStation tão cedo, não ligo mais o console. Tinha uma época que eu era muito consolista, mas hoje estou completamente voltado ao PC. Eu gosto de jogar. Eu sou muito viciado em FPS, para mim videogame se resume a FPS online. Então eu jogo Valorant, Rainbow Six, jogo CS, jogo CoD, é isso que eu jogo. De vez em quando eu ainda brinco com um joguinho ou outro FIFA, aí eu ligo o console. Eu gosto muito de luta, então Mortal Kombat, Street Fighter aí eu brinco no console. Mas 80% do meu tempo é jogando FPS e aí eu jogo no PC. E eu tenho um i9 10900k que é o da última geração. Acabei de fazer upgrade com uma 2080 e estou só esperando pra pegar a 3080 assim que tiver estoque no Brasil. Na verdade eu tenho parceria com a NVIDIA e normalmente eles me mandam as placas então eu acabo nem comprando, graças a deus porque custam uma fortuna.

Leo Bianchi onde a mágica acontece.

Game Bros: E no seu tempo livre? Que jogos você joga? Joga algum jogo que não seja um esport?

Leo Bianchi: Cara, não. No meu tempo livre eu jogo Rainbow Six, jogo MUITO Rainbow Six e gosto de brincar de Valorant, CoD de vez em quando. Free Fire também porque eu gosto da comunidade de Free Fire, eu gosto. Então é isso, no meu tempo livre eu não consigo jogar muitos jogos, de vez em nunca eu brinco de FIFA, Mortal, de repente um Assassin´s Creed, alguma coisa assim. Mas muito pouco. Esses jogos longos de história, esses são raríssimos mesmo. Eu quero testar o novo Assassin´s creed que eu ouvi que tá muito legal, mas é isso.

 

Game Bros: O que você diria para alguém que quer ser jornalista e trabalhar com games? Qual o melhor caminho? O que fazer?

Leo Bianchi: Se você fez a faculdade de jornalismo, você vai pensar em games, em esporte, em política, depois. Primeiro você precisa aprender a ser jornalista. Então o primeiro passo é procurar um estágio numa rádio, num jornal, num site, numa emissora de TV. Fazer produção, ir pra rua, gravar, editar, aprender a base do jornalismo, aprender a tomar decisões do que é correto, do que não é, do que é relevante, do que não é, do que é interesse público, do que não é, o que é ética. Depois que você se formar como jornalista, que você tiver sólido, já durante esse processo você pode tentar ir se especializando. Você procura pautas, você procura assuntos, conhece pessoas, começa a criar network e aí você vai encontrando os veículos mais especializados e tenta fazer a migração. Eu acho que não existe o cara que se forme em jornalismo e, sem experimentar o jornalismo do dia a dia, sem experimentar o trânsito, o buraco na rua, o crime, a delegacia, sem experimentar o jornalismo, ir direto para o esporte eletrônico ou pros games. Porque você fica um pouco sem referência de tomar as decisões, de entender, respeitar o entrevistado, entender estrutura de texto, entender os desafios que o inusitado ou o inesperado vão acontecer. Então quando você tem o domínio dessa vivencia jornalística, depois você constrói qualquer narrativa, seja ela no esporte, no esporte eletrônico ou no game.

 

Game Bros: Deixe um recado para o público da Game Bros!

Leo Bianchi: Legal. Obrigado aí pela oportunidade, pelo espaço. Desculpa a demora para responder as perguntas. Quem tiver nessa pegada, sonhando com essa carreira, eu desejo sorte, muita sorte e perseverança. Porque é um mercado ainda em desenvolvimento, é difícil no começo, até você conseguir dar os primeiros passos é preciso de muita resiliência, mas pelo menos quando as coisas começam a acontecer eu acho que acontecem rapidamente, a gente pode observar isso com carreira tipo do Nino que embora tivesse há um tempão aí, quando ele virou no CoD ele estourou muito rápido, o Nobru no Free Fire e a gente tem tantos outros exemplo por aí. Então é isso. Obrigado, Valeu! Um Abração!

Publicado em 18/11/2020 às 20:06 por:
Binho

Comentários

al3lk em 16/01/2021 às 04:55

Muito boa a entrevista!!!